quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Moeda: Apogeu e Desgraça

     Onde se pode encontrar a felicidade? Será no amealhar coisas, bens, dinheiro? Será no poder mandar e desmandar sem que ninguém nos questione? Ou será através do amor altruísta, que não está condicionado à reciprocidade?
     É sabido que a humanidade, a partir do inicio da criação, viveu em clima de felicidade, quando tinha tudo de que necessitava e nada questionava, porque o miserável sentimento da ambição ainda não havia aflorado na mente e no coração do ser humano.
     Cremos que tal situação prevaleceu por longo tempo até que um “iluminado” pelo ócio entendeu de criar a moeda. Com tal invenção se deu inicio à morte do escambo – permuta, troca direta ou, simplesmente troca – transação ou contrato em que, cada uma das partes entrega um bem, ou presta um serviço em troca de outro ou dá um bem que possui e está sobrado em troca de outro que não possui e dele necessita.
     Com a morte do escambo e o surgimento da moeda que ocorreu, segundo os estudiosos, no tempo de Dario, nunca mais a humanidade foi a mesma. A sua criação gerou os mais deletérios dos sentimentos humanos: a ganância, que gerou os seus filhotes, tais como o egoísmo, a cobiça, a inveja e tantos outros que continuam procriando monstros, entre os quais a violência é um dos mais arrazadores de vidas e de conceitos nobres.
     Na Historia do Brasil, mesmo sendo um país jovem, ainda se utilizou o escambo, quando os nossos colonizadores pagavam por serviços prestados pelos indígenas com objetos de pouco valor para estes, mas com grande apreço por parte dos índios. Em troca pelos serviços prestados, os trabalhadores indios recebiam espelhos, escovas, colheres e outras quinquilharias insignificantes.
     Assim, como não havia o dinheiro, para se efetivar compra e venda de absolutamente nada, alguém produzia feijão, outro produzia milho, trigo, frutas e hortaliças e outros produziam ferramentas, criavam bois, carneiros, bodes, galinhas etc., e assim, trocavam feijão por milho; escravo por trigo, arroz por bode, etc. etc. etc...
     A população foi crescendo e, um dia qualquer, alguém “esperto”, encontrou um metal diferente, colheu algumas amostras e resolveu inovar. Inventou a moeda!
     Conforme nos conta a história, as moedas romanas que circularam durante a maior parte do Império Romano do Ocidente, entre as quais o áureo (aureus, em latim), de ouro; o denário (denarius), de prata; o sestércio (sestertius), de bronze; o dupôndio (dupondius), de bronze; e o asse (as), de cobre. Tais denominações foram utilizadas de meados do século II a.C. até meados do século III d.C.
     Certamente com a criação da moeda também veio a inflação, da qual todo brasileiro se alimentou durante muitos anos e “doutourou-se” no seu conhecimento.
     Foi da inflação que também se gerou a necessidade de mudança continua da moeda e dos seus valores. É tanto que durante o século III d.C., o denário foi substituído pelo denário duplo – que nos faz lebrar o cruzado... – também conhecido como antoniniano (antoninianus), o qual, por sua vez, foi extinto pela reforma monetária de Diocleciano, que criou denominações tais como o argento (argenteus, "de prata") e o follis (bronze prateado). Após as reformas, as moedas em circulação passaram a ser, basicamente, o soldo (solidus), de ouro, e algumas denominações menores de bronze, até o fim do Império Romano do Ocidente.
     Ontem, como ainda hoje ocorre, a autoridade para cunhar moeda pertence, primordialmente, aos governos centrais dos países e a emissão é fiscalizada pelo FMI - Fundo Monetário Internacional, que além de fiscalizar, pune severamente os perdulários que gastam o que não têm e fabricam moeda sem cobertura/lastro, gerando o tremendo fenomeno da inflação que, como sabemos (porque fomos dela vitimas por longo tempo) leva qualquer pais à ruina e à miséria.
     Mas, independetemente da vontade do dirigente das finanças, seja nacional, seja internacional, existem os “adoradores de moeda” que a elegeram “seu Deus” e vivem exclusivamente para amealhar dinheiro, como se nada mais tivesse qualquer valor.
     Não sabem eles que, tanto em Roma como no mundo moderno, o valor da moeda sofre deteriorização, ao ponto de chegar a perder totalmente o valor, diferentemente do sentimento do amor que nasce e nunca mais morre, porque é a única moeda reconhecida e avalizada por DEUS, que também nunca se desvaloriza!
     O euro, o dolar, o ouro, a prata, o real ou qualquer outra moeda, de alto ou de baixo valor, funcionam para pagar débitos e passar trôco, mais nunca poderão comprar os bens de valor eterno, nem acrescentrar um milimetro à estatura ou um segundo à vida do portador.
     Assim, fica uma indagação: vale a pena substituir amor por dinheiro, fazendo valer o sentimento vulgar do ter?
     O dinheiro que hoje aparentemente vale muito, contra qualquer expectativa, vai perdendo esse valor, ao ponto de valer tão pouco que será sempre substituído. O Amor de DEUS, não! Este não tem substituto!
Adelso Ramos Ferreira
Rotary Club Caruaru

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