sexta-feira, 17 de setembro de 2010

“Falta Virtude, Sobra Vaidade”


Estamos vivendo uma “era apocalíptica”. A barbárie que o ser humano está a cometer, em todos os quadrantes do mundo, não tem parâmetro na história da humanidade. E tanto isso é verdade que não se agüenta mais ouvir e/ou ver o noticiário dos jornais; rádio e televisão.
Começamos o dia com notícias desestabilizadoras e terminamos com informações catastróficas! Estamos todos, os pacíficos, servindo de “saco de pancada” para os insanos.
Só os nossos princípios pacíficos, morais e éticos, formados por nossa adesão à doutrina cristã e às práticas rotárias vêm nos permitindo resistir ao vendaval de iniqüidades que assolam a humanidade. Esta, por sua vez, não está perdida, porque o seu Criador, movido pelo amor acendrado que dedica a todos os seres da sua criação, ainda não desistiu de salvá-la!
Não é de hoje que o “homem” conspurca a piedade divina, com seus atos e maldades. É verdade que, embora todo o ser humano nasça bom, também é igualmente  verdade que a maldade também é um atributo negativo que pode afetá-lo, após o nascimento. Desde os primórdios da civilização, iniciou-se uma pendenga, até agora sem vencedor, entre o “bem e o mal”.
Mais recentemente, na década de 30 (trinta) do século passado, o insigne Rui Barbosa, com a sua verve de escritor inteligente e doutrinador da juventude, na sua obra imortal “Oração aos Moços”, com a preocupação que norteou toda a sua vida, expressou um pensamento brilhante que, ainda hoje e, cremos, por muitos séculos, continuará sendo citado:
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra  e a ter vergonha de ser honesto".
Já na Idade Média, Aurelius Clemens Prudentius, no seu poema épico, intitulado “A Batalha das Boas Virtudes e Vícios Malignos” colocou as “Sete Virtudes” e os seus opostos, dando-lhes status de doutrina. Para ele, as virtudes teológicas tinham os seguintes significados: 1) “Castidade”, representada pelo abraço à moral de si próprio e a busca da pureza de pensamento, através de educação e melhorias com simplicidade. Se opõe à “Luxúria”; 2) “Generosidade”, significa desprendimento, largueza. Dar sem esperar receber, uma notabilidade de pensamento e ações. Se opõe a “Avareza”; 3) “Temperança”, auto-controle, moderação e constante prática de abstenção. Se opõe a “Gula”; 4) “Diligência”, presteza, ética, decisão, concisão e objetividade,  que levam a ações e trabalhos integrados com as próprias crenças. Se opõe a “Preguiça”; 5) “Paciência”, serenidade, paz que levam à resistência a influências externas e moderação da própria vontade. Se opõe a “Ira”; 6) “Caridade”, compaixão, amizade e simpatia que levam à auto-satisfação sem prejuízos a terceiros. Se opõe a “Inveja; 7) “Humildade”, não se considerar mais nem melhor que ninguém, sem bajulação e sem subserviência. Se opõe a “Vaidade”.
Na época que ora vivemos, as dificuldades para viver e propagar tais princípios, ao invés de diminuírem, vêm aumentando, e todos que exercemos o “fácil exercício da critica de costumes”, nos arriscamos a continuar escrevendo para olhos cegos e gritando para ouvidos moucos!
Mas não a todos nós, salvados do dilúvio, bastaria que, embasados nos ensinamentos de Cristo; nas prédicas de Rui Barbosa que, mesmo sem ser santo, muito contribuiu e vem contribuindo para a nossa busca de perfeição e, por último, procurando praticar as “virtudes teológicas”, mesmo praticando outros “credos”, nos livraríamos da maldita chaga da “inércia” – todos que não somos espertos e nos consideramos vítimas – conseguiríamos, com esforço comum, inverter o título deste modesto artigo: ao invés de “falta virtude e sobra vaidade”, passaríamos a apregoar: “SOBRA VIRTUDE MORREU A VAIDADE”.

Adelso Ramos Ferreira é Advogado
e sócio representativo do Rotary Club Caruaru

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