sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Uma Visão de Rotary a Partir de Seu Fundador

      Em meio às alegrias e ao convívio amigo desta reunião, congregando rotarianos e familiares dos clubes irmãos Caruaru e Caruaru-Norte, é preciso que se assinale, embora rapidamente, o sentido maior das datas que hoje celebramos.
      Voltando aos idos de 23 de fevereiro de 1905, em Chicago, relembramos a reunião de um advogado, Paul Harris, com três amigos de diferentes profissões, motivados em acabar com a solidão da cidade grande e a indiferença dos homens para com os seus semelhantes.
      Surgiu Rotary. E essa ideia, com tão nobres princípios, alcançou dimensões internacionais. Entusiasmou outros homens em continentes diferentes, criando boa vontade e aproximação, eliminando as fronteiras das nacionalidades, das posses, das culturas e das crenças. Uma ideia em realização: SERVIR.
      Numa outra noite, 38 anos depois, outro era o cenário, outros os personagens, mas o mesmo ideal – SERVIR, reuniu homens de diferentes atividades profissionais, credos religiosos e convicções políticas. No solo árido do agreste, em Pernambuco, Brasil, 17 profissionais, sentindo a atração dos princípios salutares preconizados por Paul Harris, fundaram em 10 de fevereiro de 1943, o Rotary Club de Caruaru. Também pequeno o grupo iniciante, mas bastava o mesmo espírito de solidariedade, o mesmo ideal de fraternidade e a igual busca do caminho benéfico do servir, para que todos estivessem ali presentes, dando um sim ao chamamento que lhes era feito em nome do Rotary. O instrumento da convocação era o Rotary Club de Recife que, como clube padrinho, alargava no interior do Estado o ideário rotário.
      A celebração das históricas é um momento para reflexão sobre o ideal de Paul Harris, manifestado nos seus livros e seus discursos, o que, em síntese, significa uma reflexão sobre o real objetivo visado pelo fundador da nossa instituição e uma avaliação sobre a concretização dessa ideia ao longo dos anos.
      Da biografia de Paul Harris, sabemos que, estabelecendo-se em Chicago, o novo advogado começou a pensar que seria uma boa ideia reunir um grupo de colegas de negócios em um ambiente informal, de amizade. E ainda haveria uma vantagem especial se cada um representasse uma profissão diferente.
      Por isso que ele escreveu: “O Rotary foi construído sobre bases de amizade; não teria sobrevivido se construído sobre bases menos sólidas.” E ainda: “O Rotary reúne profissionais e homens de negócios de diferentes classes sociais, credos religiosos e nacionalidades a fim de que entendam melhor uns aos outros e dessa forma sejam mais solidários, amistosos e úteis entre si”
      Paul compreendeu que o sistema de clubes - com seus diferentes membros compartilhando um ponto em comum, a amizade - era uma ótima oportunidade para encorajar a tolerância política e religiosa e também para servir. Ele tinha convicção de que a amizade levava, inevitavelmente, à boa vontade e às grandes realizações. Estava definido o ideal de Paul Harris: um clube de profissionais de diferentes atividades que, unidos pela amizade, estabelecessem oportunidades para a prestação de serviços. Um ideal que, para sua efetivação, era integrado por dois componentes básicos: companheirismo e serviço, e, quando materializado, seria o maravilhoso e extraordinário IDEAL DE SERVIR.
      E sobre os sócios escreveu Paul Harris: “Eles eram amigos e afáveis e cada um representava uma profissão honrosa e reconhecida, complementarmente diferente uma das outras. Haviam sido selecionados sem levar em conta as diferenças raciais, políticas ou religiosas.”
      No ideal de Paul Harris, esse companheirismo não se bastaria em si mesmo, mas se manifestaria em esforço comum e em ações para um nobre objetivo, a prestação de serviços à comunidade local e à comunidade internacional. Assim, o companheirismo levaria à ação e seria fundamental que os rotarianos dessem demonstração prática às suas comunidades do ideal que professam.
      Sobre Servir, o próprio Paul Harris escreveu: “Independente daquilo que o Rotary represente para nós, no resto do mundo ele será conhecido pelos resultados que alcançar”. E ainda: “Em última instância, o propósito do Rotary é desenvolver cada um dos sócios de forma a aumentar sua capacidade de servir”. Finalmente, quando ao serviço rotário, vejam como ele foi categórico: “Se o Rotary deixar de ser uma responsabilidade e passar a ser um mero divertimento ou passatempo, perderá sua utilidade”.
      No ideário de Paul Harris, servir é o objetivo do Rotary e só o serviço justifica sua existência em pequenas ou grandes comunidades. Como pessoas, os sócios são companheiros, mas como rotarianos são pessoas que servem através do companheirismo. Ele nos fez acreditar que a nossa crença em Rotary se fundamenta no amor, na bondade e na esperança de dias melhores para todos. Que somos homens e mulheres de todas as idades, mas todos jovens pelo entusiasmo que motivam nossas ações e inspiram nossos sentimentos, porque somos homens e mulheres de boa vontade.
      Que a nossa consciência rotária nos prepare para enfrentar não só os novos desafios do Rotary Internacional, como a erradicação definitiva da Pólio, mas o nosso próprio desafio como rotarianos: fortalecer os serviços internos do clube, pois eles são a base de todos os serviços; servir e honrar a nossa profissão e exercer liderança; servir à nossa comunidade mais eficientemente, a fim de que a nossa cidade se torne um melhor lugar para viver e criar os nossos filhos e netos; aproveitar todos os meios possíveis, no nosso clube e em colaboração com outras entidades para desenvolver a compreensão internacional na implantação de uma era de paz e boa vontade.
      Isso é o que Paul Harris definiu como servir ao Rotary: “Há lugar para todos e oportunidade para que cada um sirva o Rotary da maneira que melhor lhe aprouver, dentro da área de sua escolha”. Paul Harris devia ter tido em mente a aceitação de cada rotariano de suas responsabilidades quando escreveu: “A história do Rotary terá que ser escrita muitas vezes”. E a história do Rotary é escrita também quando cada sócio realiza pessoalmente ou tenta realizar o ideal de Paul Harris: companheirismo e serviço.
      Não há, para cada um de nós rotariano, melhor maneira de celebrar o aniversário do Rotary do que uma renovação do compromisso rotário que lemos e assumimos quando de nossa admissão. E se formos fiéis a ele, estaremos assegurando ao Rotary as condições para celebrar, com igual brilhantismo um novo século de sucesso. .
      Se Rotary for a grande instituição que Paul Harris imaginou e em cujo sucesso todos nós nos empenhamos, os benefícios não serão unicamente do Rotary Internacional, dos clubes e das comunidades. Nós rotarianos seremos direta e especialmente contemplamos, na conformidade do que ele escreveu em mensagem proferida ao Rotary Club de Nova Orleans, maio de 1917:
      “A missão do homem é ser um bom rotariano, e aquele que viver de acordo com esse preceito será um bom vizinho, um amigo gentil, um marido amoroso, um pai companheiro e um bem inestimável à comunidade onde vive”.
      Agradecendo a atenção de todos, muito obrigado.

(*) Palestra proferida por Carlos Toscano em 23.02.2011,
no RC Caruaru – 106 anos de R.I. e 68 anos do RC Caruaru.

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