domingo, 30 de agosto de 2015

Repórter Rotary entrevista Márcio Raniere 20/08/2015

      Essa é a transcrição da entrevista que o companheiro Márcio Raniere, cadeirante, sócio do nosso clube, deu em nossa reunião. Por se tratar de uma história tocante e ser nossa intenção fazer chegar a todos os companheiros que estiveram ausentes naquele dia, tomamos a liberdade de transcrever e disponibilizar em nossa página. Certamente, como diz Márcio, nada acontece por acaso. Tudo tem um determinado propósito e um fim específico. Segue o texto e ao final um link para aqueles que quiserem ouvir o áudio desse depoimento.


Palestra de Márcio Raniere no Repórter Rotary

     Sou filho de pais que não alfabetizados, mas dotados de muito sabedoria. A falta de conhecimento deles não foi empecilho para sua sabedoria. Sou o quinto filho e único filho homem da família. Minha mãe prezava muito pela educação, por não ter tido a oportunidade estudar, sabia que as oportunidades estavam atreladas à uma boa educação, então, fazia questão de acompanhar o desenvolvimento dos filhos. Minha infância foi muito feliz, brinquei de pião, de finca, de bola de gude, de bicho de toca e adorava jogar bola.

     Meu pai trabalhou a vida toda como motorista de lotação. Já minha mãe, pra ajudar nas despesas, fazia almofadas pra vender na feira de sulanca. Eu trabalhei desde cedo carregando as almofadas pra feira, carregando caixas de sapato do centro pra feira, trabalhando em oficina mecânica, de pintura de veículos, pois tinha que contribuir de alguma forma pra manter o sustento da família. A infância e adolescência foi muito rica em valores pro resto da vida: o que é ser uma pessoa de bem, um cidadão honesto, um trabalhador e saber que o esforço no final das contas ia ter um resultado.

     Uma reprovação no colégio foi um ponto fundamental e marcante em minha vida. Como eu adorava jogar bola, faltava muito às aulas pra jogar futebol. Até que chegou o final do ano e fui reprovado. Ao chegar em casa, contrariado e envergonhado, procurei uma maneira de contar à minha mãe que não havia passado de ano no colégio. E ela me disse: "Meu filho, eu sei que as dificuldades financeiras e as provações que estamos passando é que foram responsáveis por isso". Isso foi um choque, foi mesmo que me matar. Me senti envergonhado, pois sabia que não era isso! Era minha irresponsabilidade que havia me levado à reprovação - enquanto todos estavam se empenhando pelo sustento e se esforçando para dar educação à família, eu desperdiçava meu tempo e não valorizava a oportunidade de estudar. Fui pro quarto e, pela primeira vez na vida, chorei amargamente lágrimas de vergonha e arrependimento. Mas enfim, tomei uma decisão na vida: "vou valorizar o que a minha mãe valoriza: a educação". E foi isso que eu fiz...

     Apesar de ser um grande jogador de futebol, Deus deu-me um dom especial: o dom do aprendizado; eu tinha uma facilidade tremenda de aprender. E quando eu resolvi estudar, comecei a me destacar. Existem coisas que acontecem em nossa vida que são divisores de águas. Eu estudava no Colégio Mario Sette, colégio público, um período em que eu estava me dedicando aos estudos, mas tinha vontade de ter uma profissão. Então fiz provas para um processo seletivo para o SENAI, passei e fui fazer o curso profissionalizante de eletricidade. Foram dois anos de muito estudo, em que eu me destaquei muito, pois eu gostava tanto daquilo; eu enrolava motor, fazia instalações elétricas de casas, instalações industriais; mergulhei naquele universo de forma que aquilo se adequava tal qual uma luva em minha vida. O SENAI promovia olimpíadas de conhecimento e eu comecei a ganhar prêmios, viajava para disputar fora da região, tanto que quando o curso acabou, fui chamado pra ser professor. Eu virei um profissional de verdade, entrei em sala de aula pra ensinar o que eu tinha aprendido nesses dois anos. Para mim, um jovem de 18 anos aquilo era gratificante demais. Coincidiu de eu estar concluindo o curso e o ensino médio e o professor titular precisava sair por conta de outras atividades.

     Ai veio a faculdade. Em Caruaru os cursos superiores eram muito restritos, só tinha Direito, Odontologia, mas pra mim fazer esses cursos era simplesmente surreal, pois ainda havia muita dificuldade financeira. Mas tinha a FAFICA, que tinha o curso de história e outros cursos voltados à área de humanas, pra área de professor. E eu tinha um colega, o professor Rivelino que me disse: por que você não faz pedagogia? Você está se destacando tanto aqui!

     Segui o seu conselho e não é que passei? Lembro-me que, do meu colégio, apenas três alunos passaram. Um fato engraçado que me recordo é que eu, na minha inocência, nem me liguei que pra ir a Faculdade tinha que pagar a matrícula. Pra isso, tive que vender a minha bicicleta. Apesar de ter a coragem de enfrentar um vestibular eu só tinha dinheiro pra o vestibular. E a matricula??? 

     E foi muito interessante um fato. Na época, quando saía o resultado do vestibular, saíam três listas: os classificados aprovados, os classificados não aprovados e os reprovados. Quando eu cheguei pra conferir, fui logo pra lista dos reprovados. Ora, eu concorria com alunos de colégios grandes e particulares da cidade como o Diocesano, o Sagrado Coração, então, é claro, comecei procurando de baixo pra cima o meu nome na lista de reprovados e não encontrei. Êpa!!! Então vamos pra lista dos classificados e não aprovados. Vi alista todinha e o meu nome não estava. Pensei comigo mesmo: tem alguma coisa errada. Aí eu voltei de novo pra lista dois reprovados e mais uma vez, não encontrei meu nome. Na verdade, eu tinha ficado mesmo entre os primeiros classificados e aprovados; a minha nota tinha sido das melhores do curso que eu selecionei. E eu nem comemorei, porque ao lado tinha um pessoal cortando e raspando o cabelo do pessoal que chegava comemorando, então saí de fininho pra ninguém me notar e fui pra um cabeleireiro pra ele raspar direitinho. Quando eu ia subindo o Vassoural, meu irmão, que tinha um bar e estava reunido com um grupo de amigos que me viram e foi um vibração. Eles sabiam que aquilo era fruto de um grande esforço e aquilo só ia me fazer bem.

     Então isso é um pouquinho da minha infância, da minha adolescência, um pouquinho da minha história. 

     A história do meu acidente é a história da minha vida. O meu acidente foi um evento que, indiscutivelmente, marcou e vai marcar pro resto da vida.

     Eu estava nesse "embalo", não estava mais dando aula no SENAI, já estava trabalhando para uma empresa, ainda faltavam poucos meses pra terminar a faculdade, eu tinha me engajado na igreja, encontro de jovens, sempre estava envolvido com essas questões. Um belo dia eu sai pra trabalhar em Santa Cruz, trabalhei o dia inteiro e a noite, quando estava voltando, eu fui ofuscado pelo farol de um carro, acabei saindo da pista, tinha uma curva, quando eu tentei voltar, o carro capotou, inicialmente na pista, depois pelo barranco. Isso eu sei porque me contaram, eu mesmo não me lembro de nada!

     O que eu lembro é que eu acordei dentro do carro, tava chovendo, eu via a luz do carro clareando o mato, o carro estava numa posição que poderia continuar capotando, eu acordei com os colegas de trabalho gritando, tentando soltar meu cinto de segurança pra me tirar do carro, eles tinham medo que o carro continuasse capotando. Foi aí quando eu tentei mexer meu braço e o braço caiu... o braço esquerdo... e... por inocência, eu pensei que eu tinha quebrado o braço... então tentei mexer o outro braço... quando eu tentei mexer o outro braço, o braço caiu... Eu não conseguiu mexer meu braço... E ai eu falei pro meu colega: vou forçar minhas pernas, o cinto vai folgar e tu tiras o cinto que eu quebrei os dois braços... mas as pernas não mexeram... Foi aí que eu percebi que eram mais sério do que eu imaginava... eu disse então: segura meu pescoço que eu não estou conseguindo mexer as minhas pernas... O choque foi tão grande que eu acabei desmaiando... 

     Quando eu acordei estava na beira da pista, os meus colegas haviam me tirado de dentro do carro. Só que era uma BR, a noite, estava chovendo e ninguém parava pra socorrer. Tinha uma cara deitado e dois em pé, e aí ninguém parava. Como tinha um vilarejo próximo, muitos moradores começaram a chegar, perceberam que tinha alguma coisa errada e começou a juntar gente, até que num determinado momento um carro parou e me socorreu. Eu me lembro que neste período o governador do estado estava em Caruaru, foi no dia dos namorados, não tinha SAMU nesta época, então todo efetivo de policiais e o corpo de bombeiros estava direcionado para a vinda do governador. Isso era perto de oito horas da noite e até que o corpo de bombeiros chegasse e eu fosse efetivamente socorrido no hospital se passaram mais de 4 horas. 

     No dia seguinte, eu acordei e o diagnóstico que eu recebi foi que eu tinha uma lesão na minha coluna e precisaria fazer uma cirurgia pra colocar as vértebras no lugar. E foi isso foi feito. Fui pra UTI por duas vezes, nesta "estadia" no hospital houve necessidade de abrir a minha traqueia para que u pudesse respirar, me alimentava através de sonda nasal. Pra piorar, adquiri escaras no glúteo que atingiu toda a região, parece uma queimadura e dói muito. Como eu não podia ficar no hospital muito tempo, pois havia um sério risco de ter infecção hospitalar, já que eu estava com a traqueia aberta, terminei indo pra casa com uma certa estrutura para me receber. 

     Já em casa, recebi a visita de uma psicóloga. E ela me disse: Márcio, a partir de agora você vai ter que pensar a sua vida assim, do jeito que você está, porque não existe prognóstico, existe diagnóstico: "você perdeu os movimentos". Quando ela me disse isso, a minha situação era a seguinte: estava com a traqueia aberta, comia através de sonda, eu não mexia nada e eu pensei: Meu Deus, nós não temos recursos.. Como é que eu vou pensar minha vida assim? eu não via, sinceramente, forças humanas em mim, mas é nessas horas que Deus se manifesta. Eu acredito que foi a mão Dele que me deu forças e eu entreguei a Ele. Eu disse: Senhor, está nas tuas mãos. Aqui pra morrer é só um pulo, mas se Tu quiseres, Tu podes!

     Foram muitos eventos, que eu não tenho tempo aqui pra contar, mas vou citar alguns. Um certo dia, acho que já fazia uns quatro meses desde o meu acidente, e este meu dedo começou a mexer, mexia sozinho, na verdade ele tremeu insistentemente por umas duas horas, até que parou de tremer, o meu movimento do dedo voltou. Vocês não têm noção da minha alegria quando eu consegui mexer o dedo, porque eu não tinha mais perspectivas, então, uma coisa tão simples ver um dedo mexer, não é? Mas naquele dedo eu enxerguei tanta possibilidade, que eu pensei, daqui a pouco mexe a mão, daqui a pouco as coisas vão mexer. 

     Outro evento foi a minha ida pro hospital Sarah Kubitzchec. Pra ir pra lá houve uma grande mobilização das pessoas que gostavam de mim, de minha família, primos, tios e diversas pessoas. Foram feitos bingos, arrecadações com eventos, feijoadas, para que eu pudesse ir pra lá. Houve necessidade de arranjar uma UTI móvel pra levar pro aeroporto em Recife. Só pra ir pra Recife, com uma antecedência de umas cinco horas, eu ia levantando com a ajuda das pessoas aos pouquinhos, porque senão eu desmaiava, mas enfim, consegui chegar neste hospital. Na época, os pacientes ficavam cerca de três meses internados, mas eu fiquei por cinco meses, pois apresentava uma recuperação milagrosa. Comecei a ter ganhos significativos, comecei a mexer minha mão, - hoje eu mexo a mão direita, a esquerda só consigo mexer o punho - comecei a me barbear e comecei a me alimentar. Me alimentar foi um ganho fantástico, poder levar o alimento à boca, escolher o que comer. Tem coisas que você só sabe o valor quando você perde! Comecei a andar na cadeira... Quando eu comecei a andar na cadeira eu comecei a bater p hospital todinho, era bem plano e era, principalmente a conquista da liberdade pra mim, coisa que eu tinha perdido. Mesmo não tendo muito força pra empurrar a cadeira, foi muito bom, foi assim: foi um ganho a ganho, cada conquista era comemorada como se fosse uma medalha olímpica.

     Na volta, eu me lembro que eu cheguei em Recife e dei chau. Minha irmã, que acompanhou todo o processo, deixou tudo, deixou o trabalho para ficar comigo, então foi um "chororô" geral; eu deixei a minha cidade numa UTI, sem mexer nada e quando volto, já chegou acenando pros que me esperavam, demonstrando o quanto eu evolui.

     Quando eu estava nesse hospital ainda. Eu disse que tinha pessoas que foram muito importantes pra mim nesse processo. Eu recebi um telefonema me informando que eu tinha sido aposentado por invalidez. O médico do hospital mesmo deu o parecer: tetraplegia etc, um nome bem forte, você ser chamado de tetraplégico. Aí eu recebi uma legação do meu patrão da época. Eu acho que ele não tem noção do valor daquela ligação pra mim. Ele me perguntou: Márcio, e aí? Eu respondi, não sei o que vai ser. Mas ele disse: você vai voltar a trabalhar comigo. Eu disse: tá doido? Como? Ele responde: quando tu voltar a gente vai ver. Eu já tinha conseguido tanto coisa e é claro que ia tentar. E eu fiz isso, eu voltei, ele disponibilizou o carro, o pai dele era quem ia me buscar e me levar. No começo eu só atendia o telefone, mas aquilo foi de uma importância pra mim, porque eu via o jeito que eu saia de casa, as pessoas me apoiavam. Eu era meio enxirido mesmo e terminou ele me ajudando a comprar um carro, depois de um certo tempo consegui adaptar esse carro, consegui voltar a dirigir, sem trauma nenhum, era uma coisa que eu amava fazer e a sensação de liberdade que eu tive quando eu voltei a dirigir. Voltei pra faculdade, no começo era em casa, com os professores indo na minha casa, depois comecei indo pra faculdade e terminei concluindo o curso e me formando.

     Aí tomei uma decisão muito importante na minha vida, resolvi sair do emprego. Eu já tinha conseguido tanta coisa então, cheguei pra o meu patrão e disse que ia sair. Ele não acreditou quando eu disse que ia sair. Eu estava trabalhando, bem adaptado, estava naquele período de me acomodar, mas eu não sou assim. Eu já tinha terminado minha faculdade e queria sair pra estudar pra fazer concurso. Quatro meses depois, eu estava no INSS. Fui trabalhar em Recife, o que foi uma jornada fantástica na minha vida. Foi em Recife que eu também conheci pessoas importantes, conheci movimentos e aí foi que começou minha história nos movimentos sociais, comecei a militar em favor das pessoas com deficiência. Eu defendo muito o empoderamento das pessoas com deficiência, pra mim, esse negócio de coitadinho não existe. Acho que até algumas pessoas acabam se aproveitando disso, mas eu tenho um pensamento diferente. Creio que se a pessoa com deficiência tiver o apoio necessário, ela pode fazer tantas coisas como qualquer um outro. Em 2009 a nossa legislação mudou e ela diz algo exatamente nesse sentido: a deficiência não está no indivíduo, ela se caracteriza na relação co o meio ambiente. Se o meio favorece, essa pessoa pode. Foi isso que aconteceu comigo. Eu voei muito alto. Sou muito ativo nos movimentos, vou muito à Brasília, não só pra fazer greve (risos). O ano passado eu participei de várias câmaras técnicas na Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. E quando eu tava lá eu parei para refletir um pouquinho. Puxa! Com o apoio que eu tive, com a fé em Deus e com os milagres que ele realizou, com a força de vontade, eu estou aqui participando em Brasília, na Secretaria da Presidência da República, discutindo com o alto escalão do governo, com representantes do Ministério da Previdência, com o Ministério do Combate à fome, Ministério do Trabalho e eu estava ali, tendo voz e vez pra falar do trabalhador com deficiência. Então e vi, e vivi, e constatei que eu sou igual a todo mundo, a diferença é que eu ando em uma cadeira de rodas. E eu digo uma coisa a vocês e sou muito sincero: tudo, tudo, sem exceção, que eu me propus a fazer, eu fiz, eu consegui fazer, não foi a deficiência que me impediu. Até mergulhar eu mergulhei de cilindro.

     Então é isso companheiros. Tinha muito mais coisa pra dizer, mas o tempo não nos deixa. 

     Minha história com o Rotary é um complemento importante. Vou contar como o Rotary entrou na minha vida e algumas coisas que me marcaram em Rotary.

     Eu comecei a frequentar o Rotary. Lembram-se daquele meu amigo, aquele patrão que eu falei: ele é rotariano. Ele me convidou e eu comecei a frequentar o clube. Só que nessa época eu morava em Recife, mas numa oportunidade que eu estava aqui , acabei vindo. Depois eu fui convidado para dar uma palestra aqui, justamente sobre a questão da pessoa com deficiência. Me encantei com o Rotary, pois fui muito bem acolhido por todos. Comecei a conhecer o Rotary e voltando a morar aqui em Caruaru fui convidado a fazer parte deste clube e eu não podia recusar. Foi uma decisão muito acertada em minha vida, porque eu vejo no Rotary uma instituição essencial pra nossa sociedade. 

Com relação a um acontecimento que me marcou aqui no clube, lembro-me do evento em que convidamos Jessier Quirino pra fazer um evento com vistas a arrecadação de fundos para compra de cadeiras de rodas Conseguimos o dinheiro. Pouco depois, Almir e Julio foram no INSS, onde eu trabalho, conversar comigo. E falando sobre as cadeiras de rodas, eu lhes disse que havia alguns casos, como o meu, em que a cadeira era permanente, e que para algumas pessoas, a cadeira tinha que ser sob medida. Então ficou acertado, que deixaríamos uma parte do dinheiro para comprar uma cadeira especial, para esse tipo de usuário. Certa vez eu estava no Ministério Público, e tinha um cidadão que estava lá, sentado numa cadeira que estava "só o bagaço", na verdade parecia que ele estava deitado numa rede. Então em me lembrei e vislumbrei a oportunidade. Eu chamei o rapaz e disse a ele que o Rotary tinha um projeto de distribuição de cadeiras de rodas. O coitado nem acreditou de início. Peguei os dados dele e quando cheguei no INSS falei com uns colegas de trabalho, terapeutas ocupacionais e um deles é exatamente especialista em prescrever cadeiras. Não creio em coincidências, mas a nossa colega trabalhava exatamente com isso, então tomamos a iniciativa de trazer o rapaz pro INSS e ela prescreveu a cadeira pra ele. Compramos a cadeira com os recursos que o Rotary tinha separado. Quando ele chegou e tiramos ele da cadeira velha e colocamos na cadeira nova, ele parecia outra pessoa. Ele disse que estava saindo de um fusquinha pra um carro importado. Foi muito emocionante. Mais interessante ainda foi o relato que ele nos deu. Ele me disse que não ia à escola porque a cadeira antiga dele não tinha freio, então ele não podia entrar no ônibus, apesar de ter elevador, mas o balanço do ônibus não permitia que ele ficasse parado, então por isso não ia à escola. Maia interessante ainda é que ele estava "encostado" no INSS, é um termo que a gente utiliza, e conversando com as meninas da reabilitação ele confidenciou que tinha muita vontade de voltar a trabalhar. Identificamos nele o perfil e colocamos ele no programa de reabilitação da instituição. Hoje ele faz parte desse programa. Pra vocês entenderem, hoje ele não vai ser aposentado, ele vai ser preparado para voltar ao mercado de trabalho. Essa é a questão do empoderamento que falei antes. Isso me marcou aqui nas nossas ações. Pode ser uma coisa simples, mas na vida dele vai fazer toda diferença.

     Eu queria dizer, agora, por último, que aquela pessoa que tanto me ajudou, meu patrão, é este rotariano, que está ao meu lado: o companheiro Almir, pra quem eu peço uma calorosa saudação rotária. 


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