Eu fui gerado e criado para o mundo. Mas me comporto como se o mundo e as pessoas fossem criadas em função de mim. Se eu acredito na segunda afirmativa, nada sou além de um sujeito egoísta e devo sofrer muito porque as outras pessoas não correspondem à minha expectativa.
O pior é que nós, seres humanos, somos na essência egoístas e, por consequência, sofremos o mal do egocentrismo que se caracteriza pela fantasia de imaginar que o mundo gira em torno de nós, tomando o “eu” como referência para todas as relações e fatos. Mas, se somos egoístas (só um pouquinho), estamos no padrão aceitável e nem chegamos a ser egocêntricos, pois nosso “pouco egoísmo” não é capaz de nos levar a lutar sempre contra tudo e contra todos, para fazer com que os fatos se amoldem aos nossos interesses.
A criança é por natureza egoísta, pois imagina e age como se fosse a prioridade no mundo em que vive, o que na verdade o é, até por força de lei que reconhece a sua fragilidade e consequentemente prioriza os cuidados com ela. Uma boa educação familiar é que pode evitar que o egoísmo, natural da criança, vire egocentrismo, como passagem para que ela possa aprender a noção de referência a partir do eu e então entender e aceitar que o mundo tem “outros donos”.
Há controvérsia se o egoísmo é uma característica natural humana ou se é um hábito adquirido, como um vício moral da pessoa. Na minha humildade, sou dos que ficam com a afirmativa de que o egoísimo é realmente uma característica humana por natureza.
Conforme informação adquirida na Wikipedia: “A psicologia do desenvolvimento observa que a infância se caracteriza pela passagem de uma atitude naturalmente egocêntrica - em que a criança tem por referência seu organismo e suas necessidades - para uma atitude social e interativa. Deste modo, o egoísmo seria a recusa da pessoa em deixar essa fase infantil, uma luta por manter viva a fantasia do egocentrismo”.
O problema mais grave do egoísmo infantil é que, se não cuidado, pode crescer tanto que fatalmente chegará à avareza e à ganância, e aí, mata: mata principalmente os outros, a quem, por egoísmo desenfreado, faltou alimento, cuidado com a saúde, com a educação; com a moradia e com tudo o mais de que necessita para viver com dignidade.
O avarento/ganancioso não se importa com o estado miserável de ninguém, nem dos próprios filhos; nem do seu cônjuge; nem de quem quer que seja. É ele e o seu particular “mundo”, o resto é tudo resto.
Segundo um provérbio popular na Espanha, que pode se utilizar para todos os avarentos: “O mundo é um monte de feno que reune todos quantos ele pode”.
A avareza crescente vira ganância que, nesse estágio, passa a ser um sentimento humano muito mais negativo, caracterizado pela vontade de possuir somente para si próprio tudo o que existe. Em tal estágio, é um egoísmo excessivo direcionado principalmente à riqueza material, representada pelo dinheiro que, associado a outras formas de poder, influencia as pessoas de tal maneira que seus praticantes chegam ao cúmulo de corromper terceiros e se deixar corromper, até a eliminar quem o atrapalha. É aí que o EGOÍSMO mata.
Adelso Ramos Ferreira
RC Caruaru – Distrito 4500
Classificação: Advocacia Trabalhista
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